A MAIOR VULNERABILIDADE NA SEGURANÇA DIGITAL CONTINUA A SER A PESSOA HUMANA” – CÉLIO GOURGEL

Em plena semana de formação técnica promovida no âmbito da Reunião Anual do Grupo de Trabalho sobre Auditoria e Gestão de Sistemas de Informação (WGISAM), o Engenheiro Célio Gourgel, Chefe da Divisão de Documentação e Informática (DDI) do Tribunal de Contas da República de Angola, defendeu que o êxito da transformação digital da instituição passa, antes de mais, pelas pessoas.

Durante entrevista concedida no decurso das sessões de capacitação, o dirigente técnico destacou que o Tribunal se encontra num momento crucial de modernização tecnológica, assente numa visão estruturada e sequencial: infraestrutura, sistemas e pessoas.

“Estamos a consolidar a reforma da infraestrutura tecnológica do Tribunal, que consideramos um factor crítico de sucesso. Só depois disso é que faz sentido implementar os sistemas de informação e, com isso, realizar auditorias digitais mais eficazes e orientadas por dados”, sublinhou Célio Gourgel.

A inteligência artificial e a cibersegurança como temas centrais

Segundo o responsável da DDI, a semana de formação tem sido altamente produtiva, permitindo à equipa técnica abordar questões actuais como o uso da inteligência artificial generativa — tanto na vertente assistiva como autónoma — e as novas ameaças cibernéticas que desafiam a segurança da Administração Pública.

“A inteligência artificial traz benefícios evidentes, mas também riscos concretos. Daí a necessidade de abordarmos essas ferramentas com clareza, ética e segurança institucional”, afirmou.

O maior desafio: a cultura digital interna

Interpelado sobre os principais obstáculos na implementação de sistemas informáticos seguros e integrados, o Eng.º Célio foi claro: “O maior desafio continua a ser a pessoa humana.”

A este respeito, defendeu a criação de uma cultura organizacional de segurança digital, com foco na literacia tecnológica, na formação contínua e na mudança de comportamentos.

“Se as pessoas não compreenderem os riscos e responsabilidades no uso da tecnologia, nenhum sistema — por mais moderno que seja — será verdadeiramente seguro ou eficaz”, explicou.

Auditorias de sistemas: um futuro em construção

A visão apresentada aponta para um modelo de auditoria pública sustentado em tecnologia, mas centrado nas pessoas, onde a infraestrutura moderna, os sistemas interligados e a capacidade humana qualificada formam o tripé essencial para garantir auditorias digitais com impacto real.

“Sem sistemas, não há auditoria orientada a sistemas de informação. E sem pessoas capacitadas, não há segurança nem inovação. Esse é o caminho que estamos a construir no Tribunal de Contas”, concluiu.

Estas declarações inserem-se no quadro mais amplo da participação do Tribunal de Contas na reunião do WGISAM 2025, e reforça o compromisso da instituição com a modernização da fiscalização financeira, o reforço das capacidades internas e a promoção de um ambiente digital seguro, ético e eficiente ao serviço do interesse público.

Texto: Alexandre Cose com Cesaltina Satyohamba
Foto: Emanuela Narciso