FORMAR UM AUDITOR PREPARADO PARA O FUTURO É O GRANDE DESAFIO DAS ISC AFRICANAS NA ERA DIGITAL” – FREDRICK BOBO

A formação técnica promovida pela AFROSAI-E, em curso na cidade de Luanda com a participação activa do Tribunal de Contas de Angola, tem como foco central a construção de uma visão regional sobre o auditor do futuro, num contexto marcado pela aceleração tecnológica e pela transformação digital dos sistemas de fiscalização pública.

Em entrevista concedida à Fluxos da Corte, no decurso do workshop, o Eng.º Fredrick Bobo, especialista sénior da equipa técnica da AFROSAI-E, destacou que o principal objectivo do encontro é debater os trabalhos em curso do Grupo de Trabalho sobre Auditoria e Gestão de Sistemas de Informação (WGISAM) e responder a um dos grandes desafios colocados pelo Conselho de Administração: _Como preparar hoje o auditor que estará à altura dos desafios de amanhã?_

Fredrick Bobo reconhece que a era digital exige dos auditores um novo conjunto de competências, ferramentas e atitudes. A integração da inteligência artificial nos processos de auditoria é uma das tendências inevitáveis, mas requer preparação técnica, prudência e visão estratégica.

“Precisamos de criar processos e competências que permitam ao auditor actuar com segurança, eficiência e relevância no contexto digital. Este é um dos objectivos centrais da formação que decorre esta semana”, explicou.

Qualidade e tecnologia: uma convergência necessária

Além da dimensão formativa, o especialista sublinhou que a AFROSAI-E está empenhada em apoiar as ISC na implementação de sistemas de gestão da qualidade, sendo que o grupo técnico actualmente reunido em Luanda está a trabalhar em soluções tecnológicas que permitam monitorizar e reforçar esses sistemas de forma contínua.

“qualidade não pode ser desligada da inovação. A tecnologia deve servir para melhorar os processos de controlo, avaliação e responsabilização dentro das próprias instituições superiores de controlo”, frisou.

Questionado sobre o grau de preparação digital das ISC africanas no campo da auditoria baseada em inteligência artificial, Fredrick Bobo foi claro em dizer que “_em alguns casos, os nossos Governos estão a correr mais depressa do que as próprias ISC. Mas é animador perceber que todas estão verdadeiramente empenhadas em responder ao desafio. As ISC africanas estão a aprender umas com as outras e a adaptar estratégias com rapidez e compromisso.”_

Competência técnica e atitude: dois pilares para o futuro

O especialista sénior da AFROSAI-E apontou ainda a análise de dados como uma das competências mais urgentes para os auditores da actualidade, sublinhando que tão importante quanto o domínio técnico é a atitude de abertura à mudança e vontade de aprender.

“Podemos ter as melhores ferramentas, mas sem a atitude certa tornamo-nos irrelevantes. O auditor do futuro precisa de dominar os dados e, ao mesmo tempo, querer estar sempre à frente”, concluiu.

O Tribunal de Contas de Angola, enquanto anfitrião da reunião do WGISAM 2025, reafirma o seu compromisso com a inovação, a qualidade e a formação de quadros técnicos capazes de garantir uma fiscalização moderna, eficiente e orientada para os resultados que importam ao cidadão.

Texto: Alexandre Cose com Cesaltina Satyohamba
Foto: Emanuela Narciso