Angola assinalou dez anos de entrada nos mercados internacionais de capitais, numa conferência que teve como figura principal a Ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, que destacou a trajectória de credibilidade e transparência financeira do país.
A primeira emissão de eurobonds, em 2015, marcou o início de uma caminhada que, segundo a Ministra, transformou a percepção externa da economia angolana e reforçou o compromisso do Estado angolano com a boa governação e o rigor fiscal.
A conferência, promovida pela revista Telegrama, reuniu representantes do sistema financeiro, gestores públicos , funcionários do Tribunal de Contas, nomeadamente, Adilson Cardoso, Chefe da Contadoria, Filipe Malonda, Chefe da 1ª Divisão dos Serviços Técnicos, Jorge Costa, Chefe da 2ª Divisão e antigos responsáveis governamentais, entre os quais o ex-Ministro das Finanças, Armando Manuel que liderou a primeira emissão de títulos soberanos.
A Ministra Vera Daves, sublinhou que mais do que um marco financeiro, a emissão dos eurobonds representou “um momento de maturidade económica e institucional”, assinalando uma década de aprendizagem e consolidação da credibilidade externa de Angola.
Desde Novembro de 2015, quando o país deu o seu primeiro passo nos mercados internacionais, o percurso foi descrito como “inédito e corajoso”, exigindo rigor técnico, disciplina e confiança política. Sob constante escrutínio de investidores e agências de rating, o cumprimento das obrigações e a consistência das políticas públicas tornaram-se, “a pedra angular da reputação” de Angola, sustentou a Ministra.
Ao longo desta década, o país enfrentou choques petrolíferos, volatilidade cambial e crises globais. Ainda assim, manteve o serviço regular da dívida, ajustou as contas públicas com responsabilidade e reforçou a transparência fiscal. “Foi passo a passo que a confiança se construiu, ponto percentual a ponto percentual, emissão após emissão”, acrescentou a Ministra das Finanças, que falava para uma platéia recheada de académicos e figuras de proa do mundo das finanças.
Os recursos obtidos através dos eurobonds foram aplicados em projectos estruturantes nos sectores da energia, águas, estradas e infraestruturas sociais, permitindo manter a liquidez e a prestação de serviços públicos mesmo em períodos de maior pressão orçamental. Mais recentemente, esses fundos têm servido para operações de gestão activa de passivos, o que tem permitido suavizar a dívida pública.
Vera Daves defendeu que a estratégia de endividamento do país é hoje “mais madura, previsível e transparente”, acrescentando que onde antes havia desconfiança, hoje prevalece a credibilidade. Os eurobonds, afirmou, tornaram-se “instrumentos de política e de pedagogia económica”, ao ensinarem o país a planear a longo prazo, gerir riscos e comunicar com clareza com o mercado.
Segundo a responsável das finanças do país, os dados mais recentes, nomeadamente, entre Abril e Setembro deste ano, as taxas de rendimento dos eurobonds de Angola registaram reduções de até 2,94 pontos percentuais em algumas emissões, sinal de renovada confiança dos investidores internacionais.
No ano do Jubileu da Independência Nacional, a Ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, concluiu que, “a credibilidade constrói-se com persistência, e a confiança conquista-se com resultados” e, defendeu um caminho de “financiamento responsável, crescimento inclusivo e confiança duradoura entre o Estado, os mercados e os cidadãos”.
Por: Mateus Gaspar