PLENÁRIA DO TRIBUNAL DE CONTAS DEFINE NOVA ESTRUTURA DAS CÂMARAS E ORDEM DE PRECEDÊNCIA DOS JUÍZES CONSELHEIROS

O Plenário do Tribunal de Contas de Angola reuniu-se nesta Quarta-feira, em sessão ordinária, sob a presidência do Juiz Conselheiro Presidente, Dr. Sebastião  Gunza, com o propósito de aprovar a nova distribuição dos juízes conselheiros pelas Câmaras de Fiscalização, bem como a ordem de precedência e as designações das respectivas presidências.

A sessão que marcou a abertura de um novo ciclo na história da Corte, coincidiu  com a entrada em funções, de 4 novos juízes conselheiros — os venerandos  Evaristo José Solano, João Carlos de Castro Paiva, Carlos Luís Miguel António e Fernando de Almeida Gomes — que tomaram posse no Palácio Presidencial, perante o Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, nos termos da Constituição.

Durante a reunião, o Presidente Sebastião Gunza sublinhou o carácter singular e estratégico da instituição no contexto dos tribunais superiores angolanos: “O nosso Tribunal é meio judicial e meio administrativo. É aquele que mais se aproxima do Executivo, porque é o que mais avalia as políticas públicas, acompanha a execução das despesas e fiscaliza o uso dos recursos públicos. Da nossa actuação depende, muitas vezes, a eficiência da própria acção governativa”, Disse.

Com tom pedagógico e inspirador, o Presidente Gunza destacou que o compromisso ético e a integridade profissional são elementos inegociáveis no exercício das funções judicantes e de controlo financeiro:

“Se agirmos mal, condicionamos a actividade do Executivo; se agirmos bem, facilitamos a sua missão. O nosso Tribunal tem de ser composto por pessoas verdadeiramente comprometidas com a justiça, com a causa pública e com o bem fazer. Corrupção, aqui, é zero.”

O Juiz Conselheiro-Presidente reiterou ainda o papel do Tribunal enquanto órgão de soberania integrante do Poder Judicial, dotado de autonomia funcional e administrativa, e com competência para fiscalizar a legalidade e a boa gestão das finanças públicas do Estado. Sublinhou igualmente que a função de juiz conselheiro deve ser encarada como um sacerdócio de serviço à Nação, o que, em seu entender, exige espírito de sacrifício, humildade e permanente aprendizagem.

“Quem chega ao Tribunal deve ter a modéstia de aprender com a experiência dos mais antigos e, ao mesmo tempo, a ousadia de trazer novos conhecimentos e práticas. O que conta aqui é a entrega ao trabalho, a dedicação à causa da justiça financeira e a coragem de decidir com responsabilidade.”

Composição das Câmaras e Presidências

Nos termos da Lei Orgânica e do Processo do Tribunal de Contas (Lei n.º 13/10, de 19 de Julho) e do Regimento Interno da Corte, o Plenário deliberou aprovar a nova organização das Câmaras, ficando designados:

  • Primeira Câmara de Fiscalização – presidida pelo Juiz Conselheiro Vice-Presidente, Dr. Evaristo José Solano;
  • Segunda Câmara de Fiscalização – presidida pela Juíza Conselheira Dra. Olinda Maria dos Santos França Cardoso.

A proposta aprovada por unanimidade mereceu, entretanto, pequenas emendas de redacção introduzidas durante a discussão, com vista a reflectir melhor o equilíbrio institucional e funcional do Tribunal.

Nova Ordem de Precedência dos Juízes Conselheiros

O Plenário aprovou também a nova ordem de precedência dos juízes conselheiros, que passou a ser a seguinte:

  1. Sebastião Domingos Gunza – Presidente
  2. Evaristo José Solano – Vice-Presidente e Presidente da 1.ª Câmara
  3. Olinda Maria dos Santos França Cardoso – Presidente da 2.ª Câmara
  4. Fausto Tavares de Carvalho Simões
  5. Manuel José Domingos
  6. Arlete Maria Bolonhês da Conceição
  7. Sebastião Jorge Diogo Bessa
  8. Manuel da Cruz Neto
  9. Armindo Gideão Kunjiquisse Jelembi
  10. Januário José Domingos
  11. João Carlos de Castro Paiva
  12. Carlos Luís Miguel António
  13. Fernando de Almeida Gomes.

Com a deliberação aprovada, o Tribunal de Contas saiu reforçado do ponto de vista da sua estrutura colegial e do equilíbrio de competências entre as Câmaras, numa fase em que instituição se prepara para celebrar o seu 25.º aniversário de existência, no dia 12 de Abril de 2026.

Compromisso com a Transparência e a Modernização

Durante o encontro, o Presidente Gunza reafirmou o compromisso institucional com a modernização tecnológica e a digitalização de processos, sublinhando que o Tribunal deve acompanhar os avanços tecnológicos e reforçar os mecanismos de controlo, transparência e comunicação.

“Não podemos vestir a camisola da transparência e depois não a praticar. Temos de ser o exemplo. O país olha para nós como um espelho da ética e da boa governação.”

O Presidente encerrou a sessão exortando os novos juízes conselheiros a manterem-se fiéis ao espírito de missão e à causa da fiscalização pública, garantindo que o Tribunal continue a ser “um pilar de integridade e confiança na construção de uma Angola mais justa, responsável e sustentável.”

 

Por: Alexandre Cose

Foto: Emanuela Narciso